segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ENTAO EH NATAL

Natal. Pra alguns é motivo pra gastar dinheiro, pra outros uma perda completa de tempo, pra muitos é uma data especial (pra mim, por exemplo). O ar é mais leve, uma tranquilidade (fora dos shoppings) se instala. Sempre ouço falar que o espírito de natal anda moribundo, perambulando por cidades do interior entre famílias conservadoras. Eu discordo. Ele está por aí, parado, inerte, intacto para quem quer sentí-lo, como uma grande arvore solitária no centro de uma grande metrópole.

Apesar de tudo é natal. Apesar da última de Brasília, apesar dos panetones, apesar de Copenhagen , apesar da guerra civil não declarada no Rio de Janeiro. E tudo fica acomodado nessa carroça velha chamada vida, que devagar vai seguinto, balançando, rangendo, nessa estrada de chão empoeirada...

Finalizo com uma linda letra de Belchior, que traduz algo desse espírito de natal..

ALUCINAÇÃO (Belchior)

Eu não estou interessado em nenhuma teoria
em nenhuma fantasia nem no algo mais
longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia
amar e mudar as coisas me interessa mais
muito mais...me interessa

eu não estou interessado em nenhuma teoria
nessas coisas do oriente, romances astrais
minha alucinação é suportar o dia-a-dia
meu delírio é a experiência com coisas reais

um preto, um pobre,
um estudante, uma mulher sozinha
blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais
garotas dentro da noite...revólver:"cheira cachorro"
os humilhados do parque com os seus jornais
me interessam

amar e mudar as coisas me interessa mais
amar e mudar...amar e mudar
amar e mudar as coisas me interessa mais

domingo, 29 de novembro de 2009

Depois da Curva

Certa vez durante uma aula meu professor disse algo que eu nunca ouvi niguem dizer antes: a vida não passa rápido. Dizia ele que o que passa rápido são as pessoas por ela. Não sei bem se ele está certo ou errado, aliás, acho que ninguem pode responder isso, mas seu ângulo de visão é interessante.

Há 3 semanas, durante o plantao de quinta-feira (meu plantao semanal), eu atendi um telefonema na sala de plantão. Ainda eram 20:00h e o turno estava tranquilo, foi quando uma enfermeira desesperada no outro lado da linha berra: corram aqui, tem um paciente banhado em sangue. Não foi exagero, ha alguns metros antes da enfermaria dava pra sentir o forte cheiro de sangue fresco vindo da cama ensopada do paciente. Era um pós-operatório de cirurgia vascular e o coitado tinha tido um pico hipertensivo e perdido a prótese que colocaram em sua artéria femoral (arteria que passa na coxa e leva o sangue para a perna). Foi uma catástrofe, o sangue jorrava como se houvesse um grande furo numa mangueira de jardim. Eu só me lembro de ter corrido - enquanto não chegava algum médico - e pegado o que cabia de gase nas minhas mãos e comprimido a perna do infeliz. Sentia o sangue quente pulsando nas minhas mãos (com luva, lógico), foi quando ele olhou pra mim com um olhar melancólico e distante, olhos fundos, rosto pálido e suado, susurrava baixinho virando a cabeça pro teto: espírito santo me leva, espírito santo me leva... Vi então que tudo foi perdendo o sentido pra aquele cara e que ele já havia desistido. Presenciei a vida ir saindo dos olhos dele, transformando-se em uma matéria sem vida na minha frente. Já tinha visto algumas pessoas morrerem antes, mas você nunca esquece quando vê a alma dentro dos olhos da pessoa ir embora, sabe-se lá para onde...

Apesar de não saber se a vida passa rápido, sei que ela tem que ser vivida como se passasse... Pois ela passa... passa...

Falando em morte, ainda estou meio de luto pela minha orientadora, Prof Tania TAno - Pesquisadora CNPQ FARMACOLOGIA UERJ, Faleceu na sexta retrasada em um acidente de carro na BR 101.

Eu tinha uma reunião com ela nesta ultima quarta passada.. Não tive.. Deus sabe por que...

Quem sabe eu a encontre depois da curva..

(ps. não gosto de acentuaçao grafica)
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Termino com uma música do maior compositor brasileiro, Humberto Gessiner..

Depois da CUrva (Humberto Gessinger / Duca Leindecker - pouca vogal 2009)


Amanhã, talvez
Esse vendaval faça algum sentido
Dá pra se dizer
Qualquer coisa sobre todo mundo

Por hoje é só
Vou deixar passar a ventania
Talvez amanhã
Vento, vela e velocidade

Mar azul
Céu azul sem nuvens
Logo ali... depois da curva
Ali, logo ali, ali... depois da curva

Amanhã talvez
Esse temporal saia do caminho
Dá pra escrever
O papel aceita toda qualquer coisa

Por hoje é só
Vou deixar passar a tempestade
Talvez amanhã
Água pura e toda verdade

Mar azul
Céu azul sem nuvens
Logo ali... depois da curva
Ali, logo ali, ali... depois da curva

Ali, logo ali, ali... depois da curva
Ali, logo ali
Eu vi, eu vim, venci a curva

terça-feira, 8 de setembro de 2009

RECEBE O AFETO QUE SE ENCERRA



Rio de janeiro, 8 de Setembro de 2009.

7 de setembro, feriado nacional. Essa é a primeira lembrança da maioria dos brasileiros. Ontem a noite enquanto esperava o ônibus vi um vira-lata deitado no banco do ponto, olhando pra frente, fixo, imóvel, inerte, com um desânimo arrebatador em seus olhos. Senti o mesmo quando lembrei que era o dia da independência.

Fora sarney!! Vários atos se espalharam ontem pelo Brasil, nas principais praças das principais capitais, tentando despertar a população em relação ao absurdo político que vivemos. Não há mais sensibilidade nenhuma, vivemos atolados pela lama da corrupção que já sujou todas as esferas do poder. O judiciário não faz justiça, o legislativo legisla os interesses dos empresários e bancários e não os da população, e o executivo transfere em papel seda a corrupção da capital federal para os municípios. Depois do último escândalo do senado federal eu perdi parte de minhas esperanças, como aquele vira-lata do ponto de ônibus.

Vi o desfile de Brasília ontem pela internet, pois não passou nos canais abertos da TV brasileira. Abusurdo? Não há mais patriotismo, não há mais reverência.
Cerca de 4 mil pessoas somente em brasília (número este que seria acrescido de várias casas decimais se a Ivete Sangalo fosse tocar). Há alguns meses atrás enquanto passeava pela praça de alimentação do shopping tijuca, a banda do exército estava apresentando algumas músicas, entre elas o hino nacional. Poucos pararam
para ouvir e 7 civis (contei no dedo) se portaram em reverência enquanto hasteavam a bandeira nacional no meio da praça.

Lembro-me da época que era obrigado a cantar todos os dias o hino nacional antes de entrar na sala de aula em posição de reverência à bandeira. Não gostava muito, confesso, porém isso me fez criar um respeito pela pátria que carrego comigo até hoje.

Entre a lista de "coisas do Brasil que me entristece" vou destacar somente mais uma: a imbecil supervalorização do futebol. Não dá pra engolir a seco o fato de um jogador da seleção brasileira, semi-analfabeto, e que não sabe cantar o hino nacional ser homenageado em brasília e ganhar cerca de 100 vezes mais do que a maioria da população com 3º grau. Isto me dá náuseas.

Depois reclamamos da exploração da amazônia, do descaso na saúde, na educação, etc.

Enfim, o que temos valorizado?

PELO AMOR DE DEUS, AME O BRASIL!!!



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Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

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Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada,
Brasil !

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O VÔO DO BESOURO

O besouro ou escaravelho é um inseto da ordem Coleoptera. A ordem Coleoptera é a que tem maior número de espécies dentre todos os seres vivos — cerca de 350 mil — sendo portanto o grupo animal mais diverso que existe. Este inseto tem algumas peculiaridades interessantes (li um pouco sobre ele), porém a mais intrigante delas é o fato de sua aerodinâmica (fisicamente falando) ser tão desfavorável que a probabilidade de um besouro voar seria de aproximadamente 1%, no entanto, ele voa.. (você já viu um com certeza).

Devido a coisas deste tipo, enxergo Deuscom um senso de humor fantástico, fascinante. Ele faz o que quer, brinca com as ordens naturais, desafia nossa humilde mente e nos deixa com um nó do tamanho do mundo. Claro, soberania total, afinal Ele é Deus. O exemplo do besouro é somente um dentre milhões de fatos da natureza inexplicáveis e insanos..


Essa semana faleceu o tio de um grande amigo. Ha poucos meses fomos no sítio dele para pescar e tivemos a oportunidade de conversarmos com ele algumas vezes. Entre as traíras fritas com coca-cola e as conversas sobre pescaria, perguntamos (o que nos consola) se ele não sentia vontade de voltar pra igreja , ele respondeu que voltaria em breve. Acredito que mesmo fora da igreja ele já tinha entendido a mensagem de Cristo e já estava salvo. ( RIP (rest in peace). Meus sentimentos pra família do marcelo (mão). )

As oportunidades passam. Que converte é o espirito santo, mas quem planta a semente somos nós.

Fé, assim como a do besouro, que não se importa com as estatísticas e com o que os outros vão pensar (afinal ele não entende nada disso), ele simplesmente vôa, ignora a física, a matemática e tudo o que vem pela frente. Deus mandou ele voar e ele vôa.. Afinal, foi Deus quem mandou ele voar...




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O Voo do Besouro

Fala sério, o que é que há?
O que falta enxergar?
Nessa noite de luar,
Nesse dia devagar,
Fala sério, o que é que tem?
Quem tem medo de enfrentar?
A lembrança sempre vem
Numa noite sem luar
Fala sério, o que é que foi?
Onde a gente foi parar?

Quem não sabe finge saber,
Quando vê o ouro brilhar,
Quando vê o couro comer,
E o besouro voar.


(Música: O voo do besouro - Humerto Gessiner)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

RED BULL

RED BULL

Indiferença, atitude esperada pela maioria das pessoas em relação aos problemas que assombram a sociedade brasileira. Neste exato momento em que escrevo este pastoral, ouço um tiro vindo da minha rua (nada muito incomum aqui no Rio de Janeiro depois de meia noite), mas o pior é que eu já estou acostumado com essa situação. Somos assim, nos dotamos de uma “capacidade elástica” incrível, nos acostumamos com quase tudo que você possa imaginar (frio, calor, relevo, altitude, repressões, políticos corruptos, e por aí vai..). Frente a esta estagnação mental, qual seria o papel do jovem cristão?

Tenho refletido constantemente neste papel (pouco protagonizado) e tenho chegado a conclusão que nossa geração tem um poder incalculável que tem se esvaído como areia pelas nossas mãos. Acredito piamente que o jovem cristão tem uma responsabilidade social maior do que os outros jovens e que este é um atalho para levar a mensagem do evangelho.

Necessitamos de uma massa cristã pensante, penetrada profundamente em todas as áreas do conhecimento e que se equipare em termos acadêmicos a qualquer pessoa de qualquer outra religião em qualquer outro lugar do mundo. Precisamos de advogados, médicos, engenheiros, cientistas, políticos (urgentemente!), enfim, profissionais brilhantes que se destaquem em produção, intelectualidade, humanidade, honestidade e caráter. Desta forma o nosso testemunho cristão será mais eficaz pois o mundo irá perceber que o “crente” não é um ser alienado, preso a ideologias frouxas, "muletas emocionais" e a discursos persuasivos.

Assim como Paulo nos diz em Efésios 4 : “ O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” (fragmento 4.13).

Precisamos tomar nosso Red Bull, criar asas, vestir a armadura (aquela de Efésios 6) e cultivarmos por debaixo do capacete da salvação, uma cabeça cheia de ideias.

Destaque-se, seja forte e nunca subestime seu potencial!

"Segue teu destino. Rega as tuas plantas. Ama as tuas rosas. O resto é sombra de árvores alheias." (Fernando pessoa).

Matheus Netto